Nokia Lumia 820: um Lumia 900 revisto e melhorado

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Quando no ano passado adquiri um Nokia Lumia 900 sabia já duas coisas: que até ao final de 2012 a Nokia iria lançar novos Lumia com Windows Phone 8; e que o meu Lumia 900 só poderia receber uma atualização para Windows Phone 7.8 e não para WP8.

Mas o smartphone que usava na altura estava a dar as últimas e, de qualquer forma, a nova geração Lumia iria demorar a chegar às lojas portuguesas. Na realidade, estou já a usar o meu Lumia 900 há cerca de 9 meses e só agora os novos Nokia com Windows Phone 8 começaram a ficar disponíveis nos diferentes operadores.

Inicialmente, hesitei um pouco entre o Lumia 800 e o 900, porque pensei que este último podia ser demasiado grande. Mas estou satisfeito pela opção. Contudo, acho que o Lumia 920 está claramente fora do tamanho que considero razoável num smartphone. De facto, olhando para os novos Nokia acho que o Lumia 820 é efetivamente a verdadeira atualização do 900 – apesar da referência numérica sugerir o contrário.

O Lumia 920 é o upgrade do 900 no mesmo sentido que um BMW Série 7 constitui um upgrade face a um Série 5. Mas eu gosto do Lumia 900, pelo que o que procuro – a prazo – é uma atualização dentro da mesma gama. E o Lumia 820 é como um novo BMW Série 5 face ao modelo do ano anterior.

Melhor, pior, diferente

Devo ao Luís Mateus, da CiGlobalmedia (agência que tem em Portugal a conta da Nokia) a oportunidade de testar o Lumia 820 durante cerca de duas semanas. Contactei-o no sentido de tentar acelerar a atualização do meu Lumia 900 para o Windows 7.8 e, palavra puxa palavra, acabou por me propor testar o 820, desafio que de imediato aceitei.

Usei o Lumia 820 como o meu telefone principal durante o tempo de teste. Configurei as contas de email, o acesso às redes sociais, instalei as aplicações. No final da experiência penso que fiquei como uma boa ideia sobre o que ganhei e perdi por não ter esperado pelo 820 e ter optado no Verão passado pelo 900.

O Nokia Lumia 820 tem um ecrã do mesmo tamanho e da mesma resolução do Lumia 900, pelo que a transição de um para o outro é feita de forma natural. Mas a abordagem ao design e construção são totalmente diferentes. Enquanto o Lumia 900 possui o famoso desenho unibody em policarbonato (que nesta nova gama apenas encontramos no Lumia 920), a Nokia optou por uma abordagem diferente no Lumia 820 (e nos restantes membros) que tem vantagens (muitas) e desvantagens (algumas).

Para começo de conversa, o corpo do Lumia 820 é marginalmente mais pequeno do que o do Lumia 900 – a largura é a mesma mas a altura é um pouco menor. Em vez da construção totalmente monolítica do seu antecessor, o Lumia 820 opta por um chassis capaz de receber diferentes tampas, as quais podem não apenas ter várias cores como até diferentes funcionalidades (uma delas integra a capacidade de carregar a bateria por indução, sem fios, como acontece de série no 920).

O facto de o telemóvel ter uma tampa oferece várias vantagens. A primeira é que em vez de termos de escolher à partida qual será a cor do nosso novo smartphone e não a podermos mudar, aqui é possível comprar numa cor mas mudá-la depois à nossa vontade.

Além disso, a tampa permite acesso à bateria amovível, o que é, para mim, algo de que sinto falta no Lumia 900: gosto de saber que posso trocar de bateria quando for necessário ou até trazer comigo uma bateria adicional caso seja preciso estar fora de uma tomada de corrente (ou porta USB) durante muito tempo. Sob a bateria encontramos também outra funcionalidade que considero uma clara vantagem não só sobre o Lumia 900 mas também sobre o 920: um leitor com suporte para cartões microSD até 64GB. Ou seja, apesar de o Lumia 820 ter “apenas” 8GB internos (face aos 16GB do Lumia 900 e dos 32GB do Lumia 920), estes podem ser expandidos até um total de… 72GB! O que é ideal para quem gosta de usar o telemóvel para tirar fotos e gravar vídeos (o que não é o meu caso) e/ou para ouvir música. (Um outro membro da família Lumia, o 720, conjuga um design unibody com leitor de cartões, embora não tenha bateria removível)

Por outro lado, as tampas da Nokia, uma vez colocadas no Lumia 820, não parecem… tampas. O telemóvel fica simplesmente com outra cor, nunca dando a ideia de que foi colocado algo a mais. A tampa fixa-se solidamente ao chassis e, apesar disso, pode ser removida com facilidade (apesar do que pode ter lido em contrário por aí).

Tudo isto são para mim vantagens. A (única) desvantagem? Reconheço que voltar novamente para o Lumia 900 é uma experiência táctil diferente. O 900 parece mais sólido, mais uma peça especial. Nesse sentido, o 820 é claramente mais convencional. Contudo, entre um e outro, optaria sem dúvida pelo 820 dadas todas as vantagens que referi.

Mais rápido

O Lumia 900 com Windows 7.8 é um telemóvel rápido, apesar de ter um processador single core a 1,4 GHz. O sistema operativo é rápido e fluído mas em algumas aplicações e jogos percebe-se que se houvesse maior capacidade de processamento não se perdia nada. Nesse sentido, o 820 está de facto um passo mais à frente, com 1 GB de RAM (512 MB no 900), processador dual core a 1,5 GHz e um sistema operativo (o Windows Phone 8) que dele tira partido.

Tudo é mais rápido e onde se nota sobretudo a diferença é no acesso à Internet e em algumas aplicações que requerem maior processamento gráfico. Apesar de o 820 poder tirar partido das redes 4G (o 900 é só compatível 3G), testei-o apenas sobre 3G e WiFi e a diferença é significativa. É difícil saber se a maior velocidade se deve ao sistema operativo, ao processador ou à nova versão do Internet Explorer, mas é irrelevante: o que é verdade é que é mais rápido.

O Windows Phone 8 oferece mais desempenho também em termos de maior capacidade multitarefa. Isto é algo que na maior parte dos casos não se nota mas, quando quando se nota, percebe-se a vantagem. É o caso do Nokia Drive (rebatizado Here), que agora nunca deixa de funcionar mesmo quando se recebe um telefonema. No caso do Windows Phone 7.x, quando se recebe uma chamada, o software de navegação continua a correr em segundo plano mas a sua operação é efetivamente suspensa; as instruções de navegação param e demora depois alguns segundos a retomar o seu funcionamento porque tem novamente de encontrar os satélites de posicionamento. No Lumia 820, o Nokia Here nunca deixa de funcionar, mesmo quando fica em segundo plano, pelo que a navegação nunca é interrompida.

Outras funcionalidades

O Nokia Lumia 820 tem, face ao Lumia 900, a vantagem do Windows Phone 8. Contudo, pelo menos para já, a diferença de funcionalidade não é muito diferente da que já tenho no Windows Phone 7.8. É verdade que existem muitas mais funcionalidades, mas não são funcionalidades que tenham muita importância para mim e para a forma como uso o smartphone.

No entanto, a prazo existem claramente vantagens em ter uma máquina com WP8 em vez de WP7.8, quanto mais não seja porque uma nova geração de aplicações irá tirar partido das capacidades adicionais da nova versão do sistema operativo e, pouco a pouco, quem ficou pela versão anterior irá sentir que está a perder o comboio para um novo mundo de apps que lhe está a passar ao lado.

Há outras vantagens no Nokia Lumia 820 face ao Lumia 900 que têm apenas a ver com o hardware, como é o caso da câmara. Mas como já escrevi a propósito do Lumia 900, a melhor câmara do melhor telemóvel dará sempre resultados inferiores à mais básica das câmaras compactas, pelo que esta é uma área que não me interessa particularmente.

Já outros pequenos tweaks de hardware parecem não ter tanta importância mas acabam de ser muito relevantes. É o caso da porta micro USB que passou do topo para a base, o que facilita a ligação do telemóvel a bases com conectividade e/ou capacidade de carregamento da bateria.

Conclusão

A vários níveis, o Nokia Lumia 820 é tudo o que eu gostava que o Nokia Lumia tivesse e não tem: suporte para redes 4G, leitor de cartões, bateria removível, fácil personalização, sistema operativo de nova geração. Só fica mesmo a perder em termos da construção, mas tenho de reconhecer que ou temos uma coisa ou outra – o que gosto na construção do Lumia 900 é precisamente o que o impede de ter bateria removível e poder ser facilmente personalizado! Portanto, ou temos uma coisa ou outra.

Para a forma como eu uso um telemóvel e tendo em consideração as funcionalidades a que dou mais importância, o Nokia Lumia 820 é claramente uma atualização para melhor do Lumia 900. Pertence à mesma gama, mas está bem mais à frente.

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