Adeus VMWare: a história repete-se

hyper-v Em 1993, saí da conferência de imprensa de apresentação do Windows NT 3.1 (apesar do nome, era a versão 1.0 do primeiro sistema operativo servidor da Microsoft), no Hotel Ritz, em Lisboa, de boleia com alguém, cujo nome não recordo, mas que trabalhava na subsidiária local da Novell.

Ora a Novell, naquela altura, estava para as redes de PCs como o Windows está hoje para os PCs em geral: era a força dominante do mercado. E o meu interlocutor não se cansava de comentar o quanto patético era o NT (traduções da altura: "Nice Try", "Not There"...) e como a Novell tinha uma posição intocável.

Ouvi e calei (estava de boleia, convém ser bem educado...) mas sempre pensei para comigo que a Novell tinha os dias contados. E tinha: hoje, face ao passado, a empresa mantém apenas o nome – é uma sombra do que outrora foi e a sua presença nas redes é residual, tendo-se voltado para o Linux e para os serviços.

Também já aqui escrevi sobre a Netscape e o que aconteceu quando a Microsoft entrou em rota de colisão com a empresa. Agora, a última vítima anunciada da Microsoft é a VMWare, que denota todos os sintomas de alguém que não se enxerga e se recusa a ver que os seus produtos e modelo de negócio, a manterem-se, não servirão para aguentar a empresa durante muito mais tempo.

Curiosamente, a VMWare, cujo negócio consiste sobretudo na venda e suporte de software de virtualização, é liderada por Paul Maritz, um ex-executivo da Microsoft, pelo que, pelo menos neste caso, há alguém que devia perceber o que está a acontecer. Mas, se está, não parece.

Vamos então ao que interessa: com o lançamento do Windows Server 2008 e a tecnologia de virtualização Hyper-V, a Microsoft está rapidamente a ganhar força neste mercado em expansão... e a uma velocidade supersónica. Segundo esta notícia, according to IDC, Microsoft's Virtual Server 2005 (for Windows Server 2003) and Hyper-V (for Windows Server 2008) had 23 percent of the market for new licenses, while VMware, which has long controlled the market, had 44 percent.

Se isto não é ganhar mercado rapidamente, então não sei o que é ganhar mercado. E no entanto, até há menos de um ano, a Microsoft era olhada pelos seus concorrentes no mercado da virtualização com o mesmo desdém com que foi recebida pela Novell e pela Netscape (e, já agora, pela WordPerfect!) no passado.

Como eu costumo dizer, o cemitério da informática está cheio de empresas que substimaram a Microsoft. E a VMWare está a por-se a jeito para ser a próxima a ter uma lápide.

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