A minha primeira rede doméstica foi baseada numa tecnologia chamada HomePNA ou PhoneLine Networking. Usava a cablagem telefónica como se de uma rede física se tratasse e, na altura – há uns sete anos – tinha a vantagem de ser mais barata e fiável do que as redes sem fios tipo Wi-Fi, que hoje são tão populares.
A minha transição do equipamento PhoneLine para o Wi-Fi deu-se quando escrevi, em 2004, o livro O Guia Prático das Redes Sem Fios, para o Centro Atlântico. As placas PhoneLine que eu usava eram lentas (10 Mbps na teoria, muito menos na prática) e, ao contrário do que seria suposto, não eram fiáveis, pois não só por vezes o computador não as reconhecia sequer, como tinham uma terrível tendência a queimar – literalmente.
Por isso, com a tecnologia Wi-Fi a 54 Mbps (802.11 g) a substituir rapidamente o Wi-Fi “b” (11 Mbps) da primeira geração e os preços a cairem todos os dias, senti que estava na altura de dar o salto da tecnologia “sem fios à vista” para a tecnologia “sem fios”… de todo.
Acontece que, muitas placas, routers, repetidores e antenas de alto ganho depois, a paciência esgotou-se. A tecnologia sem fios é óptima para pequenos escritórios em espaço aberto e/ou casas pequenas. Instalada numa apartamento grande, com o router numa ponta e computadores noutra ou, pior ainda, numa casa com mais de um piso, as coisas complicam-se rapidamente.
Como? Os 11 Mbps da tecnologia Wi-Fi 802.11 b passam rapidamente a 1 Mbps, os 54 Mbps da tecnologia “g” passam rapidamente a 1 Mbps e até os nunca-sei-bem-quantos-megabits-por-segundo da tecnologia “n” passam… a 1 Mbps. Na verdade, eu até ficaria contente com 1 Mbps. O problema é que nem isso consigo em muitas circustâncias…
Por isso, quando recentemente decidi montar um servidor doméstico baseado no Windows Home Server percebi rapidamente que a coisa não iria funcionar a menos que encontrasse forma de elevar dramaticamente os débitos da minha rede.
Acontece que a solução existe, mas não é Wi-Fi (ou não é só Wi-Fi) . Chama-se PowerLine e funciona fantasticamente bem.
Plug and Play – mesmo!
A tecnologia PowerLine existe há praticamente tanto tempo como a já referida PhoneLine e, tal como aquela, usa cablagem já existente nas nossas casas para passar informação digital. Só que neste caso não é a rede telefónica mas sim a rede eléctrica.
Há outras diferenças. Estes adaptadores, que parecem um transformador normal – na verdade, são pouco maiores do que um alimentador de telemóvel – não dispensam a placa de rede do computador. Para o PC (ou Mac, ou qualquer outra coisa), o adaptador PowerLine não existe!
Explico melhor. Numa utilização típica, usam-se no mínimo dois adaptadores; um numa ponta da casa, ligado à tomada de corrente eléctrica e conectado por um cabo de rede normal a um router, modem ADSL ou de cabo, por exemplo; e outro, noutra ponta da casa, igualmente ligado à tomada de corrente e conectado por cabo de rede a um PC qualquer.
Ora, para o PC, é como se estivesse ligado directamente ao router. Ou seja, os adaptadores são 100% transparentes – funcionam como um cabo Ethernet!
Os adaptadores não são muito baratos, mas a sua fiabilidade é muito boa. No meu caso, estou a usar da Devolo, mas a tecnologia é interoperável, pelo que é, teoricamente, possível (embora, nesta altura do campeonato, eu prefira não o fazer) misturar marcas e modelos.
Em termos de velocidade, só para terem uma ideia, os meus dLAN 200 AV têm uma velocidade efectiva média entre 130 e 140 Mbps. Ou seja, melhor do que Ethernet 10/100 convencional!
Claro que isto só é possível (mais de 100 Mbps) entre computadores com placas tipo gigabit (1000 Mbps) e, no meu caso, porque tenho também um router cujo hub é gigabit. Mas prova bem a fiabilidade da tecnologia.
Só há dois “catch”: em casas muito grandes, em que a instalação eléctrica esteja dividida por fases, é possível que a transmissão entre diversas zonas se faça com débitos muito inferiores – mas far-se-á…!
Por outro lado, há que ter algum cuidado em não ligar os adaptadores PowerLine a tomadas com filtros, pois estes filtram… os dados! Mesmo assim, mas minhas experiências notei apenas uma redução da velocidade para algo em torno dos 80 Mbps mas sem perda de conectividade, mas isso depende de tomada para tomada, pelo que o ideal é usar uma tomada simples ou múltipla mas sem qualquer filtragem.
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