É algo sobre o qual já me tenho debruçado por diversas vezes. Estive em Dezembro de 1995 no famoso (alguns diriam infame) Internet Strategy Day da Microsoft, em Seattle. O Windows 95 tinha sido lançado em Agosto desse ano e durante os últimos meses, todos diziam que a Microsoft estava acabada, que não tinha estratégia para a Internet, que seria "comida" por uma tal de Netscape (ainda se lembram?).
Cheguei a Lisboa, depois de um voo atrasado pelo gelo no aeroporto de Seattle, convencido de que não só a Microsoft tinha uma estratégia, como a Netscape - a empresa que todos idolatravam na altura - tinha os dias contados.
Comentei essa minha convicção ao Jaime Fidalgo Cardoso, director da Exame Executive Digest e que, na altura, partilhava o espaço comigo nuns escassos metros quadrados de cave em Linda-a-Velha, onde também era feita a Exame Informática e... as assinaturas de todo o grupo Abril ControlJornal (hoje Edimpresa).
O Jaime desafiou-me a escrever um artigo de opinião para a edição da Digest de Janeiro de 2006 e eu assim fiz. Expliquei porque achava que a Netscape tinha os dias contados . À época, poucos acreditaram; muitos foram os que me acusaram de estar "vendido" à Microsoft. A verdade é que quem foi vendida (mesmo) foi a Netscape, em 1999, à AOL, sem chama nem glória.
Hoje, a rapariga com que todos querem namorar chama-se Google. E a questão pode colocar-se novamente, à medida a que a rota de colisão com a Microsoft se torna mais definida: poderá acontecer à Google o mesmo que aconteceu à Netscape? Provavelmente não. E contudo...
Ao contrário do que muitos julgam, o negócio do Google não é a pesquisa; é a publicidade que a Google gere e que surge nos resultados da pesquisa - e noutros sites que não o seu. Contudo, é a sua posição dominante na pesquisa que faz com que tudo o resto aconteça.
Ora eu ando nisto há tempo suficiente para me lembrar como se faziam pesquisas antes do Google surgir - e como o motor de busca ou o portal mais usado hoje seriam esquecidos amanhã, quando surgiam novas propostas - mais rápidas, mais relevantes.
Claro que usei (e ainda uso, por vezes) o Yahoo!, mas também o Infoseek, o Lycos, o Webcrawler e, numa segunda fase, o Hotbot, o Altavista ou até o NorthernLight ou o Euroseek. Mas isso foi antes do Google aparecer. Há quem diga que o "truque" do Google foi apresentar uma homepage limpa e rápida de carregar numa altura em que outros sobrecarregavam os seus motores de busca com tudo-e-mais-alguma-coisa. Talvez, mas a verdadeira razão para a longevidade da tecnologia Google tem outra raiz: chama-se, simplesmente, relevância.
A verdade é que os resultados das pesquisas realizadas com o Google são, na esmagadora maioria das vezes, relevantes. O que procuramos, está na primeira página de resultados, normalmente até no primeiro ou segundo link. É esta relevância nos resultados das pesquisas que é a fonte do poder do Google.
O que nos leva a uma possibilidade intrigante: e se amanhã (ou para a semana...) surgir um algoritmo que ofereça resultados mais relevantes do que os do Google? Acredito que o modelo de negócio da empresa, ao contrário do que sucedeu com a Netscape, é sólido. Contudo, as coisas na Internet tendem a acontecer muito rapidamente - para o melhor e para o pior. O que é hoje um site e/ou serviço popular, pode desaparecer amanhã, vítima do sucesso de quem conseguiu fazer melhor.
Ora se há alguém que já assumiu que pretende bater o Google no seu próprio jogo é a Microsoft. E, ao contrário do que muitos pensam, a empresa tem não só os recursos financeiros como também o know-how para isso. O facto de o seu poderoso departamento de I&D ainda não o ter conseguido só prova que é algo mais difícil do que parece à primeira vista.
No entanto, de vez em quando surgem notícias, estudos ou protótipos que mostram que talvez seja possível conseguir melhor do que o algoritmo do Google. Uma ideia intrigante veio precisamente da Microsoft Research e pode ser encontrada aqui. Outras ideias retomam o velho sistema de agregação e filtragem.
É claro que mesmo a tecnologia Google é um alvo em movimento - a empresa refina continuamente os seus algoritmos - mas onde quero chegar é a isto: não só não é impossível fazer melhor como isso acontecerá, mais cedo ou mais tarde. E, nessa altura, o castelo Google mostrará não só que não é inexpugnável, como poderá entrar em colapso, como... um castelo de cartas.
Cheguei a Lisboa, depois de um voo atrasado pelo gelo no aeroporto de Seattle, convencido de que não só a Microsoft tinha uma estratégia, como a Netscape - a empresa que todos idolatravam na altura - tinha os dias contados.
Comentei essa minha convicção ao Jaime Fidalgo Cardoso, director da Exame Executive Digest e que, na altura, partilhava o espaço comigo nuns escassos metros quadrados de cave em Linda-a-Velha, onde também era feita a Exame Informática e... as assinaturas de todo o grupo Abril ControlJornal (hoje Edimpresa).
O Jaime desafiou-me a escrever um artigo de opinião para a edição da Digest de Janeiro de 2006 e eu assim fiz. Expliquei porque achava que a Netscape tinha os dias contados . À época, poucos acreditaram; muitos foram os que me acusaram de estar "vendido" à Microsoft. A verdade é que quem foi vendida (mesmo) foi a Netscape, em 1999, à AOL, sem chama nem glória.
Hoje, a rapariga com que todos querem namorar chama-se Google. E a questão pode colocar-se novamente, à medida a que a rota de colisão com a Microsoft se torna mais definida: poderá acontecer à Google o mesmo que aconteceu à Netscape? Provavelmente não. E contudo...
Ao contrário do que muitos julgam, o negócio do Google não é a pesquisa; é a publicidade que a Google gere e que surge nos resultados da pesquisa - e noutros sites que não o seu. Contudo, é a sua posição dominante na pesquisa que faz com que tudo o resto aconteça.
Ora eu ando nisto há tempo suficiente para me lembrar como se faziam pesquisas antes do Google surgir - e como o motor de busca ou o portal mais usado hoje seriam esquecidos amanhã, quando surgiam novas propostas - mais rápidas, mais relevantes.
Claro que usei (e ainda uso, por vezes) o Yahoo!, mas também o Infoseek, o Lycos, o Webcrawler e, numa segunda fase, o Hotbot, o Altavista ou até o NorthernLight ou o Euroseek. Mas isso foi antes do Google aparecer. Há quem diga que o "truque" do Google foi apresentar uma homepage limpa e rápida de carregar numa altura em que outros sobrecarregavam os seus motores de busca com tudo-e-mais-alguma-coisa. Talvez, mas a verdadeira razão para a longevidade da tecnologia Google tem outra raiz: chama-se, simplesmente, relevância.
A verdade é que os resultados das pesquisas realizadas com o Google são, na esmagadora maioria das vezes, relevantes. O que procuramos, está na primeira página de resultados, normalmente até no primeiro ou segundo link. É esta relevância nos resultados das pesquisas que é a fonte do poder do Google.
O que nos leva a uma possibilidade intrigante: e se amanhã (ou para a semana...) surgir um algoritmo que ofereça resultados mais relevantes do que os do Google? Acredito que o modelo de negócio da empresa, ao contrário do que sucedeu com a Netscape, é sólido. Contudo, as coisas na Internet tendem a acontecer muito rapidamente - para o melhor e para o pior. O que é hoje um site e/ou serviço popular, pode desaparecer amanhã, vítima do sucesso de quem conseguiu fazer melhor.
Ora se há alguém que já assumiu que pretende bater o Google no seu próprio jogo é a Microsoft. E, ao contrário do que muitos pensam, a empresa tem não só os recursos financeiros como também o know-how para isso. O facto de o seu poderoso departamento de I&D ainda não o ter conseguido só prova que é algo mais difícil do que parece à primeira vista.
No entanto, de vez em quando surgem notícias, estudos ou protótipos que mostram que talvez seja possível conseguir melhor do que o algoritmo do Google. Uma ideia intrigante veio precisamente da Microsoft Research e pode ser encontrada aqui. Outras ideias retomam o velho sistema de agregação e filtragem.
É claro que mesmo a tecnologia Google é um alvo em movimento - a empresa refina continuamente os seus algoritmos - mas onde quero chegar é a isto: não só não é impossível fazer melhor como isso acontecerá, mais cedo ou mais tarde. E, nessa altura, o castelo Google mostrará não só que não é inexpugnável, como poderá entrar em colapso, como... um castelo de cartas.
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