Não estou só ao notar que até há alguns dias (antes da última segunda-feira, para sermos mais precisos) seria difícil (impossível?) imaginar que a Microsoft fosse capaz de fazer algum pouco mais de evolucionário no campo dos dispositivos móveis.
O anúncio do Windows Mobile 6.5, no final de 2009, foi um enorme desapontamento (e o que me fez optar, mais uma vez, por um smartphone da Nokia) e nada indicava que a esperada versão 7.0 fosse mais do mesmo. Isto é, mau.
Por qualquer medida, a apresentação do Windows Phone 7 Series (daqui em diante referido apenas como WP7) foi uma grande surpresa. Ainda é cedo para sermos conclusivos, pois os primeiros dispositivos baseados no WP7 só surgirão no final deste ano, mas para já a Microsoft parece ter acertado em cheio.
Explico porquê.
1. (re)começar de novo
Tudo indica que não há retrocompatibilidade no WP7 com aplicações criadas para as gerações Windows Mobile anteriores. Na verdade, acho que isto é bom, porque permitiu à Microsoft libertar-se dos problemas técnicos inerentes à manutenção da compatibilidde e mostrar o seu melhor na concepção de um sistema operativo móvel de raiz.
É quebrar com a tradição e com as expectativas de muita gente, é certo, mas sem essa quebra dificilmente seria possível apresentar algo tão fundamentalmente diferente. E melhor.
2. Um smartphone não é um PC
Eis uma evidência várias vezes referida pela Microsoft durante a apresentação do WP7. É verdade, mas foi a mesma Microsoft que, durante todo este tempo insistiu no contrário, apresentando tentativas sucessivas (que, perante a elegância da concorrência, pareciam cade vez mais datadas) de espremer uma interface de PC no pequeno ecrã do telemóvel.
A afirmação do contrário libertou a Microsoft para criar algo completamente novo. Mais do que chegar ao nível do estado-da-arte (iPhone, Android...), a Microsoft fez o que nem eu julgava já ser possível: ultrapassar a concorrência.
3. Tarefas em vez de aplicações
O segredo para o novo WP7 é a sua diferente conceptualização do que deve ser um smartphone. O centro das máquinas deixará de ser a aplicação, ao contrário do que acontece com todas as outras neste momento, baseadas em qualquer sistema operativo. Passará a ser a tarefa. Isso significa que para fazer determinada coisa (telefonar, receber e enviar email, gerir fotos, ouvir música/ver vídeos) há um hub dedicado que facilita essa mesma tarefa. Imagine-se o conceito aplicado a redes sociais, com uma gestão integrada de amigos e contactos sem ter de necessariamente recorrer a aplicações específicas para o Twitter, o Facebook, etc.
4. Liberdade com controlo
Ao contrário da Apple, a Microsoft não controla o hardware. Até agora, isso foi usado pela Microsoft para, tal como no ecossistema Windows no PC, permitir maior escolha ao consumidor. Mas isso tem o seu lado negativo, pois acaba por tornar irrelevante para o utililizador qual o sistema operativo do seu dispositivo.
Além disso, acabam por surgir máquinas muito boas e outras muito más, dependendo do hardware em causa. E há até fabricantes (caso da HTC) que tipicamente colocam uma segunda camada de software sobre a interface do Windows Mobile 6.x, escondendo o sistema operativo.
Com o WP7, a Microsoft continuará a dar alguma liberdade aos fabricantes - haverá máquinas com teclado físico e totalmente baseadas em ecrã táctil, por exemplo - mas não muita. Estes terão de respeitar especificações mínimas ditadas pela Microsoft que irão garantir que a experiência de utilizador será consistente, qualquer que seja o dispositivo escolhido.
A Microsoft e os seus parceiros - fabricantes de equipamentos e operadores - têm agora cerca de seis meses para afinarem a plataforma e mostrarem o que esta geração de dispositivos será capaz.
Para já, a Microsoft conseguiu o que não se julgava possível: criar uma onde de entusiasmo em redor da sua plataforma móvel.
Claro que a Apple consegue um buzz muito maior mesmo sem produto algum (veja o caso do iPad), mas a Apple é a Apple e a Microsoft é a empresa que todos se habituaram a adorar odiar. Mas depois de produtos como o Windows 7, como este WP7 e projectos como o Natal, também previsto para o final deste ano, a maré parece estar definitivamente a mudar para os lados de Redmond.
Outras referências:
Engadget: http://www.engadget.com/2010/02/15/windows-phone-7-series-is-official-and-microsoft-is-playing-to/
Gizmodo: http://gizmodo.com/5471805/windows-phone-7-series-everything-is-different-now
Winsupersite: http://www.winsupersite.com/mobile/wp7_preview.asp
O anúncio do Windows Mobile 6.5, no final de 2009, foi um enorme desapontamento (e o que me fez optar, mais uma vez, por um smartphone da Nokia) e nada indicava que a esperada versão 7.0 fosse mais do mesmo. Isto é, mau.
Por qualquer medida, a apresentação do Windows Phone 7 Series (daqui em diante referido apenas como WP7) foi uma grande surpresa. Ainda é cedo para sermos conclusivos, pois os primeiros dispositivos baseados no WP7 só surgirão no final deste ano, mas para já a Microsoft parece ter acertado em cheio.
Explico porquê.
1. (re)começar de novo
Tudo indica que não há retrocompatibilidade no WP7 com aplicações criadas para as gerações Windows Mobile anteriores. Na verdade, acho que isto é bom, porque permitiu à Microsoft libertar-se dos problemas técnicos inerentes à manutenção da compatibilidde e mostrar o seu melhor na concepção de um sistema operativo móvel de raiz.
É quebrar com a tradição e com as expectativas de muita gente, é certo, mas sem essa quebra dificilmente seria possível apresentar algo tão fundamentalmente diferente. E melhor.
2. Um smartphone não é um PC
Eis uma evidência várias vezes referida pela Microsoft durante a apresentação do WP7. É verdade, mas foi a mesma Microsoft que, durante todo este tempo insistiu no contrário, apresentando tentativas sucessivas (que, perante a elegância da concorrência, pareciam cade vez mais datadas) de espremer uma interface de PC no pequeno ecrã do telemóvel.
A afirmação do contrário libertou a Microsoft para criar algo completamente novo. Mais do que chegar ao nível do estado-da-arte (iPhone, Android...), a Microsoft fez o que nem eu julgava já ser possível: ultrapassar a concorrência.
3. Tarefas em vez de aplicações
O segredo para o novo WP7 é a sua diferente conceptualização do que deve ser um smartphone. O centro das máquinas deixará de ser a aplicação, ao contrário do que acontece com todas as outras neste momento, baseadas em qualquer sistema operativo. Passará a ser a tarefa. Isso significa que para fazer determinada coisa (telefonar, receber e enviar email, gerir fotos, ouvir música/ver vídeos) há um hub dedicado que facilita essa mesma tarefa. Imagine-se o conceito aplicado a redes sociais, com uma gestão integrada de amigos e contactos sem ter de necessariamente recorrer a aplicações específicas para o Twitter, o Facebook, etc.
4. Liberdade com controlo
Ao contrário da Apple, a Microsoft não controla o hardware. Até agora, isso foi usado pela Microsoft para, tal como no ecossistema Windows no PC, permitir maior escolha ao consumidor. Mas isso tem o seu lado negativo, pois acaba por tornar irrelevante para o utililizador qual o sistema operativo do seu dispositivo.
Além disso, acabam por surgir máquinas muito boas e outras muito más, dependendo do hardware em causa. E há até fabricantes (caso da HTC) que tipicamente colocam uma segunda camada de software sobre a interface do Windows Mobile 6.x, escondendo o sistema operativo.
Com o WP7, a Microsoft continuará a dar alguma liberdade aos fabricantes - haverá máquinas com teclado físico e totalmente baseadas em ecrã táctil, por exemplo - mas não muita. Estes terão de respeitar especificações mínimas ditadas pela Microsoft que irão garantir que a experiência de utilizador será consistente, qualquer que seja o dispositivo escolhido.
A Microsoft e os seus parceiros - fabricantes de equipamentos e operadores - têm agora cerca de seis meses para afinarem a plataforma e mostrarem o que esta geração de dispositivos será capaz.
Para já, a Microsoft conseguiu o que não se julgava possível: criar uma onde de entusiasmo em redor da sua plataforma móvel.
Claro que a Apple consegue um buzz muito maior mesmo sem produto algum (veja o caso do iPad), mas a Apple é a Apple e a Microsoft é a empresa que todos se habituaram a adorar odiar. Mas depois de produtos como o Windows 7, como este WP7 e projectos como o Natal, também previsto para o final deste ano, a maré parece estar definitivamente a mudar para os lados de Redmond.
Outras referências:
Engadget: http://www.engadget.com/2010/02/15/windows-phone-7-series-is-official-and-microsoft-is-playing-to/
Gizmodo: http://gizmodo.com/5471805/windows-phone-7-series-everything-is-different-now
Winsupersite: http://www.winsupersite.com/mobile/wp7_preview.asp
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