O jornal 24 Horas vai fechar e, como ele, ameaça extinguir-se para sempre aquele que era o último suplemento de informática num jornal diário português - o Bits&Bytes.
É uma (má) notícia que me deixa uma desconfortável sensação de dejá vu. Quando entrei no jornalismo, em 1984, a principal fonte de novidades do mundo da informática era também um outro suplemento de um jornal diário – o suplemento das sextas-feiras d'A Capital, animado pelo já falecido Eurico da Fonseca. Foi um suplemento que foi evoluindo e se manteve até ao encerramento do jornal, tendo morrido com ele.
Em 1994, tive o privilégio de estar no Público quando o José Vitor Malheiros decidiu avançar com o suplemento Computadores, às segundas-feiras. Eu e o Rui Jorge Cruz, apesar de termos outras responsabilidades no jornal, acabávamos por todas as semanas escrever uma parte substancial (por vezes total) do suplemento. Quando saí em 1995 para a Exame Informática, o Rui continuou a editar o suplemento, que o Público acabaria por matar anos mais tarde.
O Bit&Bytes, de alguma forma herdeiro espiritual do já referido suplemento d'A Capital, era agora o último do seu género, um oásis no deserto de tecnologia (e de Ciência, já agora - mas isso fica para uma outra altura) em que se transformaram os jornais generalistas.
Isto porque "tecnologia" e "informática" é muito mais do que apenas "gadgets". Bits&Bytes mantinha além disso uma saudável correspondência com os seus leitores, que para lá escreviam regularmente em busca de orientação no oceano de... bits e bytes em que as nossas vidas se transformaram.
Porque é uma verdadeira ironia que, num mundo rodeado de tecnologia, esta seja cada vez mais maltratatada pela comunicação social.
Eu sei, eu sei. Os cortes, as reduções de custos, blá, blá, blá. Acontece que não acredito que o Público tenha acabado com o Computadores por o projecto ser economicamente inviável. E recuso a ideia de que o Bit&Bytes não tenha pernas para andar encartado noutro produto da Controlinveste (DN, JN...). Mas sei que em ambos os casos estes produtos não tinham publicidade porque, muito provavelmente, também não tinham uma equipa comercial própria, de cuja sobrevivência dependesse a angariação de publicidade para eles. Porque se dependesse, essas pessoas teriam morrido muito antes dos suplementos que acabaram por matar.
P.S.: Há um grupo no Facebook que clama pela manutenção do Bits&Bytes. Passe por lá e reforce o apelo. Pode não servir de nada, mas serve pelo menos para que alguém perceba que, afinal, há uma audiência que vai ficar órfã com a morte de mais um suplemento de tecnologia.
É uma (má) notícia que me deixa uma desconfortável sensação de dejá vu. Quando entrei no jornalismo, em 1984, a principal fonte de novidades do mundo da informática era também um outro suplemento de um jornal diário – o suplemento das sextas-feiras d'A Capital, animado pelo já falecido Eurico da Fonseca. Foi um suplemento que foi evoluindo e se manteve até ao encerramento do jornal, tendo morrido com ele.
Em 1994, tive o privilégio de estar no Público quando o José Vitor Malheiros decidiu avançar com o suplemento Computadores, às segundas-feiras. Eu e o Rui Jorge Cruz, apesar de termos outras responsabilidades no jornal, acabávamos por todas as semanas escrever uma parte substancial (por vezes total) do suplemento. Quando saí em 1995 para a Exame Informática, o Rui continuou a editar o suplemento, que o Público acabaria por matar anos mais tarde.
O Bit&Bytes, de alguma forma herdeiro espiritual do já referido suplemento d'A Capital, era agora o último do seu género, um oásis no deserto de tecnologia (e de Ciência, já agora - mas isso fica para uma outra altura) em que se transformaram os jornais generalistas.
Isto porque "tecnologia" e "informática" é muito mais do que apenas "gadgets". Bits&Bytes mantinha além disso uma saudável correspondência com os seus leitores, que para lá escreviam regularmente em busca de orientação no oceano de... bits e bytes em que as nossas vidas se transformaram.
Porque é uma verdadeira ironia que, num mundo rodeado de tecnologia, esta seja cada vez mais maltratatada pela comunicação social.
Eu sei, eu sei. Os cortes, as reduções de custos, blá, blá, blá. Acontece que não acredito que o Público tenha acabado com o Computadores por o projecto ser economicamente inviável. E recuso a ideia de que o Bit&Bytes não tenha pernas para andar encartado noutro produto da Controlinveste (DN, JN...). Mas sei que em ambos os casos estes produtos não tinham publicidade porque, muito provavelmente, também não tinham uma equipa comercial própria, de cuja sobrevivência dependesse a angariação de publicidade para eles. Porque se dependesse, essas pessoas teriam morrido muito antes dos suplementos que acabaram por matar.
P.S.: Há um grupo no Facebook que clama pela manutenção do Bits&Bytes. Passe por lá e reforce o apelo. Pode não servir de nada, mas serve pelo menos para que alguém perceba que, afinal, há uma audiência que vai ficar órfã com a morte de mais um suplemento de tecnologia.
Comentários