Não sou dos que acham que trocar todos os carros com motor de combustão por equivalentes movidos exclusivamente a eletricidade vai salvar o mundo. Não: melhor do que ter um veículo elétrico (EV) é… não ter carro nenhum, andar de transporte público, partilhar o carro com outros...
Mas, não sendo um EV a panaceia para salvar o mundo, comprar hoje um veículo como motor a combustão certamente que não irá contribuir para melhorar o atual estado de coisas.
Neste artigo gostaria de abordar um problema recorrente que impede muita gente de colocar um EV na sua lista de compras – o preço. E vamos esclarecer desde já o seguinte: sim, os EVs chegam a ser, em média, cerca de duas vezes mais caros do que um automóvel equivalente, do mesmo segmento (e, por vezes, até dentro mesma marca). Um Renault Zoe custa cerca do dobro de um Renault Clio, e o mesmo acontece quando comparamos um Twingo com motor de combustão com a sua versão EV, por exemplo.
No entanto, o mesmo não é verdade para quem procura automóveis de segmentos superiores. Um BMW série 3 custa cerca de 50 mil euros (dependendo das versões) e, se o que pretendemos é um modelo de alto desempenho, um BMW M3 custa cerca de 120 mil euros. Por esses valores, não vejo razões para não optar por um Tesla Model 3.
E, qualquer que seja o segmento, o preço poderá também não ser um handicap quando comparamos o chamado TCO, ou seja, o custo total da propriedade do veículo. O TCO é habitualmente calculado a quatro ou a seis anos (ou qualquer que seja o período durante o qual costumamos manter um automóvel antes de o trocar por outro) e, aí, o Excel é nosso amigo: além do valor inicial, devermos contabilizar qual será o custo do combustível ao longo dos anos, mas também custos de manutenção, seguro, portagens, estacionamento, etc. Iremos certamente descobrir que, subitamente, o que parecia ser um custo muito elevado é, na verdade, até bastante competitivo – quando não é, até, mais económico.
Ah, e não esquecer as bonificações de preço do Governo para a compra de EVs e, no caso de EVs comprados por empresas, de que podemos abater o IVA na íntegra, além de outros benefícios fiscais quando comparamos com os veículos de combustão.
Mas há outra forma de ter um EV: comprando usado. Esta abordagem começa por ser uma boa ideia porque comprar um veículo usado é ainda melhor para ao ambiente do que comprá-lo novo. Depois, porque comprar um EV usado não é uma proposta tão arriscada como comprar um usado com motor de combustão: há muito menos peças móveis num EV e muito pouca coisa que possa correr mal.
Já vos ouço a gritar “mas, e as baterias?!”. Bem, o problema com as baterias é que… na maioria dos casos não é um problema. O mercado está cheio de EVs com poucos anos (e até poucos quilómetros), por vezes a um preço que é metade do veículo novo (caso flagrante é o dos BMW i3, que se compram por menos de 20 mil euros quando custaram em novos quase 50 mil euros!) e, muito importante, com as baterias ainda na garantia.
Sim, porque mesmo carros com uma garantia “normal” de dois anos, oferecem garantia nas baterias muito superior. O já referido BMW i3 tem uma garantia das baterias de 8 anos ou 160.000 quilómetros – e há modelos de 2016 à venda, com menos de 40.000 quilómetros, por cerca de 20 mil euros!
Muitos veículos elétricos chegam ao mercado em excelente estado e poucos quilómetros, provenientes de locadoras, com revisões feitas na marca e garantias do stand de um e dois anos.
Vale a pena dar uma vista de olhos por websites como o Standvirtual e filtrar a oferta por “elétricos” para descobrir um mundo de EVs à nossa espera. Podem não ser os modelos mais recentes nem com grandes autonomias, mas são certamente uma porta de entrada para o mundo dos automóveis elétricos.
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* Adaptado de um artigo publicado originalmente pelo autor em https://www.facebook.com/AutoElektric/posts/1431733387197406
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