Só há mesmo um problema: é que… não existem televisores LED! É verdade. O que a indústria apelida de “LED TV” é apenas e só a boa e velha tecnologia de LCD.
A diferença? Em vez de a retro-iluminação ser proveniente de lâmpadas fluorescentes especiais, passa a ser assegurada por LEDs.
Simples, não? Não. A partir daqui, tudo se complica. Mas antes de tudo, uma pequena (e simplista) explicação.
Plasma vs LCD
Ao contrário do que acontece com a tecnologia de plasma que, durante algum tempo, foi a única usada no fabrico de televisores finos e planos (daí chamarmos inicialmente “plasmas” a tudo o que era ecrã plano, mesmo quando surgiram os primeiros televisores baseados em painéis LCD) a tecnologia LCD não emite luz.
Os painés LCD são formados por várias camadas entre elas um painel com o sistema de retro-iluminação, filtros de cor e um painel com cristais líquidos (o tal que dá o nome à tecnologia) que funciona como uma espécie de “persiana” controlando a forma como a luz passa pelos filtros e forma as imagens propriamente ditas.
A principal limitação deste sistema (e de todos os painéis LCD) é que a luz nunca é apagada, pelo que se torna praticamente impossível ao sistema de cristais líquidos exibir pretos profundos, correspondentes a zonas da imagem sem luz. Pelo contrário, no caso do plasma (e dos velhos CRTs), isso é muito simples: basta “apagar” a zona pretendida.
A solução LED
Exigem muitas formas de tentar resolver este problema. Uma delas é ajustar dinamicamente a intensidade da luz em função do conteúdo da imagem. Mas com painéis LCD convencionais isso tem um problema: uma cena com algumas partes escuras é escurecida por igual.
Na maioria dos casos, consegue-se uma melhoria do contraste, mas algumas cenas podem perder demasiada luz.
A adopção de painéis de LEDs como fonte de luz para um ecrã LCD vem resolver este problema. Por um lado, porque é possível atenuar e intensificar a luz dos LEDs muito mais rapidamente do que com as lâmpadas fluorescentes.
Por outro lado, é até possível apagar completamente determinados LEDs em zonas escuras sem afectar outras partes da imagem.
Só há um probleminha: 90% dos televisores ditos “LED TV” do mercado não usam LEDs desta forma!
Para criar ecrãs extremamente finos (um argumento de marketing) e embaratecer os painés (um argumento comercial) os fabricantes optam um por sistema chamado Edge LED que consiste em colocar uma fila contínua de LEDs ao longo da moldura do ecrã, levando a luz até ao resto do ecrã através de um sistema de fibras ópticas.
Esta abordagem tem dois problemas principais. O primeiro é que é pouco eficaz em ecrãs muito grandes (acima das 42 polegadas de diagonal), trazendo por vezes pouca uniformidade na forma como o ecrã é iluminado. O segundo problema é que neste caso não é fácil modular a intensidade da luz por zonas: na verdade, o sistema comporta-se funcionalmente como a retroilunimação convencioanal por lâmpadas fluorescentes.
Uma segunda forma de usar os LEDs é através de um painel com centenas de LEDs, que criam um sistema de iluminação perfeitamente uniforme. Contudo, e também na maioria dos casos, os fabricantes implementam apenas este painel de LEDs em substituição do painel de lâmpadas fluorescentes, sem grande valor acrescentado.
Onde o sistema LED constitui realmente um valor acrescentado é quando é usado em painel mas associado a uma tecnologia chamada Local Dimming, em que é possível atenuar a intensidade, ou até apagar, grupos de LEDs consoante a zona da imagem.
Só os televisores LEDs com Local Dimming têm de facto características que tornam o LED num valor acrescentado real em termos de qualidade de imagem e que lhe permitem atingir um patamar até agora só disponível usando a tecnologia de plasma (sim, na maior parte dos casos, o plasma oferece melhor qualidade do que o LCD).
Há um excelente artigo (em francês) sobre a explicação da tecnologia LED aplicada aos televisores LCD aqui. E, já agora, existe também uma excelente comparação das vantagens e desvantagens das tecnologias LCD e plasma aplicadas aos televisores aqui.
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