Escrevi há umas semanas sobre o logro que é pensar que os híbridos plug-in (PHEV) podem ser mais “verde” do que um automóvel 100% elétrico baseado em baterias (EV).
O principal problema, como referi na altura, é que muitas pessoas que adquirem estes carros acabam por raramente os usar da forma como eles foram concebidos para serem usados e, na prática, os híbridos plug-in acabam por ser se comportar como carros a combustão.
Mas claro que não tem que ser assim; penso que os PHEV podem ser importantes no processo de transição para a mobilidade elétrica e, na verdade, conheço até pessoas que começaram por um destes carros e, ao trocarem, decidiram-se por um BEV.
O melhor de dois mundos?
O mundo da Internet, onde tudo parece ser a preto-e-branco, não é uma representação perfeita da realidade, a qual está cheia de nuances. E, no mundo dos carros, nem todas as pessoas se encontram acantonadas em dois extremos, entre a combustão pura e os 100% elétricos.
Nesse sentido, os híbridos tradicionais (HEV) trazem um reduzido valor acrescentado, embora tenham sido essenciais para este trajeto de mudança, mas já os híbridos plug-in (a quem os franceses chamam, corretamente, “híbridos recarregáveis”, um termo que acho sinceramente que devíamos adotar!) são uma história diferente.
Híbridos plug-in com autonomia suficiente
Isto porque os modernos híbridos plug-in são capazes de percorrer várias dezenas de quilómetros em modo 100% elétrico. No caso do Prius Prime que referi no meu primeiro artigo de opinião, essa autonomia, num cenário ideal, pode chegar aos 70 quilómetros.
E isto é muito importante porque, ao contrário do que a esmagadora maioria das pessoas pensa, a média de quilómetros percorridos diariamente pelos europeus não chega aos 50 km. A sério. Em Portugal, especificamente, esse valor é de 44,6 Km.
Ou seja, existe uma grande diferença entre os quilómetros que as pessoas pensam que percorrem e os que efetivamente percorrem. E é esse problema de perceção que leva muita gente a dizer “um EV não é para mim” e que acham que a solução está num PHEV.
Autonomia de sobra
Na prática, quando estas pessoas andam com o seu PHEV (usando-o como é suposto ser usado, sobretudo se carregado em casa) acabam por descobrir que em 90% dos casos a (pequena) autonomia elétrica de que dispõem serve perfeitamente para o seu dia-a-dia. Ora se 70 Km de autonomia chegam, imagine-se 200, 300, 400 ou mais quilómetros de um EV puro…
Nestas coisas da “evidência anedótica”, os exemplos valem o que valem, mas tenho um vizinho que começou por comprar um BMW 330e (PHEV) e hoje tem um Tesla Model Y. Conversas nos grupos do Facebook dos Kia Niro e dos BMW i3 revelam comportamentos semelhantes, de pessoas que começaram por comprar um PHEV e rapidamente descobriram que fazia muito mais sentido adquirir uma versão 100% elétrica do mesmo carro.
Dito isto, e como em tudo na vida, cada caso é um caso, e a UVE tem um excelente guia para ajudar a escolher o tipo de veículo ideal (PHEV ou BEV) de acordo com o tipo de utilização.
* Artigo publicado originalmente na EVmag
Comentários